Madeiras Exóticas de Africa

Desde há longos anos, a Costa Ocidental de Àfrica, a par do Brasil, é por excelência a principal origem das madeiras exóticas que consumimos. O intuito desta página é dar a conhecer um pouco da actividade ligada a esta matéria prima e matéria viva, que é a madeira Africana.
Oriunda de países como o Gabão, Rep. Popular do Congo, Rep. Democrática do Congo, Camarões, Ghana, Costa do Marfim, Libéria, Rep. Centro-Africana, Guiné Equatorial e Angola, apresentam variadíssimas caracteristicas, resultado da biodiversidade de factores existentes na floresta tropical.



Comecemos então por seguir as pistas abertas pelo explorador florestal - aquele a quem é concedido o direito à exploração de determinada área durante um limitado periodo de tempo. Verdadeiros empreendedores, arrastam consigo pequenas populações ao ritmo das explorações que se sucedem no coração húmido da floresta africana. Delimitada a area da concessão passa-se então ao abate selectivo. Conforme a espessura de cada árvore podem ser abatidas entre 6 a 15 árvores por dia e por regra não são abatidas mais de 1 a 2 árvores por hectare.



Caindo estrondosamente por terra são de seguida serradas em toros para facilitar o transporte. Ainda no estaleiro, os toros são medidos recebendo as marcas do explorador. Outras marcações existirão entretanto nas seguintes etapas da comercialização. A viagem que se seguirá não será fácil, podendo ser utilizados vários meios de transporte e durar largas semanas até os toros atingirem a costa, onde serão finalmente embarcados: camiões a rodar em pistas e estradas poeirentas ou enlameadas no periodo das chuvas; comboios sujeitos a frequentes avarias, descarrilamentos e até acções rebeldes; ou plataformas rebocadas que descem os rios até à costa.São estes os meios mais comuns para cobrir trajectos muitas vezes superiores a 2.000 km desde o interior da floresta africana.



As madeiras de baixa densidade, caso do Okoumé e Agba, têm caracteristicas flutuantes, sendo normalmente lançadas à agua facilitando assim o seu transporte e armazenagem. Daí podem ser lingadas e rebocadas directamente até ao costado dos navios. Uma vasta extensão do estuário em Libreville no Gabão, está coberto por milhares de toros de madeiras flutuantes que aguardam o embarque final.



Eis que finalmente chegadas ao parque de madeiras ou já ao porto de embarque, são separadas segundo as marcas de cada explorador. Regularmente negociantes ou importadores europeus e asiáticos viajam até Africa para localmente realizarem negócio e seleccionarem as essências pretendidas. Os toros recebem então a marca do comprador ficando assim prontas para a travessia maritíma que as levará até à Europa ou à Ásia.



É nesta fase que o navio desenrola o um importante papel. Operando em portos como Pointe Noire, Port Gentil, Douala, ou ao largo como Mayumba, Campo, Kribi, os navios efectuam as operações de carregamento, assistidos pelos "Kroomen", verdadeiros especialistas no manuseamento de toros. Estes homens, oriundos da Libéria e Costa do Marfim, raça Kroo (do inglês crew), vivem a bordo durante as escalas dos navios enquanto em África. Formam equipas organizadas, com funções definidas, podendo substituir os escassos trabalhadores portuários nos navios que operam ao largo e até assistir na navegação.



Após uma viagem que pode durar entre 15 a 45 dias, a bordo de navios cuja capacidade pode variar em média entre os 10.000 e 30.000 m3, chegam então a países como a França, Portugal, Itália, Coreia, Japão, Singapura, entre outros.



A indústria especializada local encarregar-se-á então de transformar as madeiras exóticas numa diversidade de produtos que todos nós conhecemos. Nos últimos anos, alguns países africanos exportadores de madeiras exóticas como o Ghana, a Costa do Marfim e recentemente os Camarões, têm implementado uma série de políticas visando a interdição de exportação de madeiras em toro. Os objectivos desta política passam por incentivar a fixação local da indústria transformadora, a criação de mais postos de trabalho e consequentemente a dinamização da economia destes países. Cada vez mais a concessão de licenças de exploração florestal são atribuidas preferencialmente às sociedades quem possuam já alguma indústria instalada nesses países.



Chega assim ao fim um ciclo de comercialização das madeiras exóticas. Não obstante fortes pressões exercidas por certos movimentos ditos “verdes” condenando a destruição maciça das florestas tropicais, continua a ser uma matéria-prima ecológica e reciclável fruto de uma fonte de recursos renováveis sempre que impere, claro está, o bom senso do homem e a correcta gestão das florestas. Actualmente designers e arquitectos recorrem a essências até agora pouco utilizadas, para criar decoração e produzir os movéis de linhas depuradas que facilmente encontramos hoje no comércio e nas feiras de mobiliário.

Um agradecimento especial ao Eric pela sua inestimável colaboração.

Direitos fotográficos: Eric Proy (Delmas), Chef Méc.(Adeline Delmas), Yahoo Photos (Corbis).